quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Para onde vai a água do esgoto de nossas casas?

(continuação.)
O líquido segue, então, para os primeiros limpadores – 14 tanques a céu aberto onde, após apenas duas horas, os sólidos que ainda não foram eliminados descerão para o fundo por gravidade. Esses sólidos são enviados automaticamente para três ‘engrossadores’. Os óleos, espumas e tudo o que ainda flutua são enviados para 12 digestores anaeróbicos. O esgoto que sobrou será direcionado para os bioreatores do segundo e terceiro tratamentos. Dez bioreatores, separados por zonas aeróbica, anaeróbica e anóxica (anoxic - sem oxigênio mas com nitrito/nitrato - nitrite/nitrate), irão remover o nitrogênio e o fósforo, misturando a água com microorganismos como bactérias, amebas, ‘ciliates’, ‘rotifers’, ‘flagellates’ etc que usam nitrogênio, fósforo, matéria orgânica e outros poluentes como comida e energia para crescer e se reproduzir e, ao mesmo tempo, purificam a água. O resultado é chamado de ‘licor misturado’.

Esse ‘licor’ é enviado, então, aos 30 clareadores secundários, onde permanecerão por cerca de sete horas. O lodo desce ao fundo pela gravidade e a água que sai dos clareadores será então enviada às luzes ultravioletas para desinfetar – a luz ultravioleta quebra o material genético dos microorganismos e os impossibilita de se reproduzir, não sendo mais capazes de gerar doenças. A maior parte deste lodo será enviada novamente aos bioreatores para repopulação pelos microorganismos. O excesso é enviado a cinco tanques flutuantes, para engrossar. Novamente, a espuma e o óleo são retirados da superfície e enviados aos digestores anaeróbicos, que irão digerir tudo em 25 dias por uma bactéria anaeróbica (que vive apenas sem a presença do oxigênio e em um ambiente mantido controlado a 35oC).

Essas bactérias naturais irão transformar esses materiais orgânicos complexos em substâncias simples e estáveis como água, metano e dióxido de carbono. O lodo resultante deste processo não tem tanto cheiro e muitos organismos causadores de doenças são destruídos. Esses digestores produzem cerca de 40 mil metros cúbicos por dia de gás digestores, compostos aproximadamente de 65% de metano e 35% de dióxido de carbono. O metano produzido nos digestores é queimado como combustível em um dos quatro geradores de eletricidade e aquecimento, produzindo 50 mil kw/h por dia de energia elétrica, o que equivale a 50% da necessidade de Bonnybrook, e cerca de 65 mil kw/h por dia é produzido em calor, que será usado nos digestores anaeróbicos e em Bonnybrook (escritórios etc).

O lodo final é, então, reaproveitado em um programa chamado CALGRO e que consiste em injetar este material orgânico (biosolids) a poucos centímetros do solo, para fertilizar fazendas e plantações de alfafa, canola, trigo, aveia e cevada nos arredores de Calgary. Este material é um excelente fertilizador orgânico e um ótimo condicionador do solo, além de ser uma forma perfeita de reciclar um valioso produto para o meio ambiente. Calgary produz cerca de 20 milhões de quilos ou 9.500 caminhões de material orgânico por ano, resultando em 140 bilhões de litros de água tratadas e jogadas de volta ao rio Bow! A água que sai do sistema de tratamento de luzes UV é jogada de volta no rio Bow, alcançando o padrão exigido por Alberta Environment, ou seja, é uma água clara, sem cor, com muito oxigênio dissolvido e poucos orgânicos sólidos, fósforo, nitrogênio (ammonia nitrogen) e sem microorganismos patogênicos. Para confirmar essas afirmações, o laboratório de Bonnybrook trabalha sem parar, todos os dias do ano, recolhendo amostras cerca de quatro vezes por dia de todas as fases do tratamento. Mas não pense que é assim em todo o Canadá! No começo desta coluna, alerto para o fato de Calgary ter um excelente sistema de tratamento de esgoto e se sobressair neste imenso país. É triste constatar, mas algumas cidades, como Victoria, a capital da Colúmbia Britânica, ainda joga seu esgoto no mar, sem tratamento algum – quem sabe na esperança de que, algum dia, um peixe sem escrúpulos irá digerir toda esta sujeira milagrosamente.


NOMES: Gilmar, Gustavo, Gabriel C. e Lucas C. TURMA: 82.

PROFESSOR: Everton Luiz Steffanello

SITE: http://www.oeco.com.br/helena-artmann/18283-oeco_21081

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